saúde

Cães terapeutas recebem homenagem do Hospital Universitário de Santa Maria

Dandara Flores Aranguiz

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
O labrador Logan é um dos cães usados na terapia para amenizar o sofrimento da internação

Há um ano, eles cruzam pelos corredores do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) com uma missão pra lá de especial: facilitar a recuperação dos pacientes com amor, carinho, brincadeiras e leveza. Além de vestirem o jaleco do hospital, eles também transitam com crachás de identificação pelo local. Estamos falando do Guapo e do Logan, os dois labradores do 4º Batalhão de Bombeiro Militar (4º BBM) de Santa Maria que são os protagonistas do projeto de cinoterapia - terapia com cães - na instituição.

Projeto que leva cães a pacientes, do Husm, será apresentado em Santa Catarina

Na última quinta-feira, os dois foram "homenageados" durante o 1º Seminário de Cinoterapia do Husm, que reuniu autoridades do alto comando do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina para avaliar os resultados obtidos durante o primeiro ano de desenvolvimento das atividades no hospital e desenvolver novas perspectivas.

- Este projeto nasceu de uma conversa e se consolidou em um projeto de pesquisa. E ele tem como diferencial trazer novas técnicas, novos métodos de terapia e de acompanhamento. Eles trazem um pouco de alegria e apoio à nossa atividade hospitalar, que é bastante desgastante - disse a superintendente do Husm, Elaine Resener, em seu discurso de abertura.

O projeto, que inicialmente era desenvolvido quinzenalmente junto ao serviço de saúde mental, foi ampliado. Há seis meses, as atividades na Unidade de Atenção Psicossocial do Husm, a Unidade Paulo Guedes, são realizadas semanalmente e se estenderam também para o Centro de Tratamento da Criança e do Adolescente com Câncer (CTCriaC), que recebe a visita dos terapeutas de quatro patas a cada 15 dias.

Acompanhados dos fiéis escudeiros, os soldados Alexandro Teixeira Brum e Vagner Charão Lago, responsáveis por levarem os cachorros às unidades, relataram o trabalho feito nas visitas.

- Começamos primeiro pela psiquiatria e, agora, outra porta se abriu. Como bombeiro militar, é igualmente gratificante poder ajudar as pessoas. A cinoterapia ainda é pouco explorada, mas ela é boa para o paciente, para a equipe médica para o cão e, com certeza, para nós - relatou Brum.


RESULTADOS

Durante o seminário, os chefes de cada unidade onde o projeto é desenvolvido contaram um pouco como são feitas as interações e trouxeram relatos dos pacientes e familiares.

- A ideia é reforçar a autoestima, reduzir a ansiedade, o próprio tempo de internação, colaborando para a alta e estimular a troca afetiva. Pacientes que às vezes ficam muito restritos ao leito, começam a querer participar das atividades. Teve uma senhora que internou pela segunda vez em um estado de catatonia, não interagia, não caminhava, não falava, totalmente dependente. Depois de muito tempo, ela foi para o pátio e colocamos uma guia na mão dela para dar uma volta pela quadra e lembro que ela disse durante o percurso que amava aqueles animaizinhos - recordou o enfermeiro Luciano Bertasi, chefe da Unidade Paulo Guedes.

VÍDEO: cães ajudam na recuperação de pacientes do Husm

A psicóloga Sandra Salem, do CTCriaC também leu algumas cartas e bilhetes escritos pelas crianças e familiares.

- Procuramos reduzir o impacto da internação através de atividades lúdicas. A estimulação com os cães propicia o distanciamento desta realidade, além de aliviar os sintomas de estresse e dor. O amor também faz parte do processo de cura - comentou Sandra.

REFERÊNCIA

O comandante do 14º BBM de Xanxerê (SC), tenente-coronel Walter Parizotto, referência no trabalho com cães de busca e resgate no país, também destacou a importância do projeto:

- Quando sensibilizamos os bombeiros e passamos a fazer essas pessoas estarem mais perto dos pacientes e sentirem as dores desses pacientes, eles se tornam profissionais melhores. Os cães podem fazer muito mais do que só estar lá, eles podem interagir de forma intensa e transformadora - diz.

Cães que ajudam na recuperação de pacientes do Husm ganham crachás

Segundo Parizotto, Santa Maria tem possibilidade de ser referência nacional nessa área, pois o que está sendo feito na cidade está melhorando a vida das pessoas e formando ferramentas de busca mais eficientes. A ideia é estender aos poucos a atividade para beneficiar cada vez mais pacientes em recuperação.

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